sexta-feira, agosto 27, 2004

Um poeminha antigo

VIA CRUCIS


Por que tanto amor
Se não há lugar,
Não há espaço,
Não há cama no mundo
Que o suporte?

O amor cansou do amor...
Juntou seus pedaços,
Fragmentos de cartas,
Livros esquecidos,
Canções inacabadas
E sumiu na escuridão.

O amor não esperou o amor...
Não lhe deu asas,
Não foi paciente
E ainda abusou de duras palavras.

O amor se fartou de amor...
Bebeu veneno,
Engoliu sapos,
Engasgou e feneceu.

O amor olhou nos olhos do amor...
Não se reconheceu
Nem o reconheceu.
Apenas ressentiu-se
De continuar amando
Um amor ausente.

O amor morreu de amor...
O amor matou o amor
Num tedioso domingo sem nuvens

O amor agonizou,
Partiu-se, dilacerou-se
Em luz. Em plena
Quarta-feira voltou a ser
Cinzas, pó e mais nada.

(Luciana Melo – 09/09/03)


http://itisphoto.com

2 comentários:

jayme disse...

Ah, o amor é uma enxurrada, um furacão, uma perfumaria sob terremoto, um longa metragem de gargalhadas contínuas ou um colchão de pregos. Ah, o amor.

Lu disse...

Bingo, Jayme, bingo! Beijo.