Mostrando postagens com marcador Espasmos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Espasmos. Mostrar todas as postagens

terça-feira, maio 06, 2008

Espasmos # 9

As bóias indicadoras de segurança parecem-me distantes demais, ainda assim eu busco alcançá-las. Quero saber como é o mar além dos limites do permitido, do aconselhável. Que segredos guardam suas profundezas?
Não tenho medo de ser devorada por nenhum leviatã. O que eu temo é ser lentamente consumida pelos vermes da agonia e do tédio.
O tombadilho agora clama por mim.
Fim da série Espasmos.

terça-feira, abril 29, 2008

Espasmos # 8

Ancorou seu corpo junto ao meu. Depois de ficar imóvel por um tempo, tentou com imensa dificuldade dirigir-se ao tombadilho.
Observando a lentidão dos seus movimentos e o vazio no olhar, tomei-lhe as mãos cuidadosamente; tive medo que ele quebrasse ao meu toque, estilhaçasse em mosaicos indescritíveis e impossíveis de juntar.
Não relutou em segurar a bóia que lancei. Agarrou-a com vontade e debruçou-se entregue ao resgate.
Não rompi seu silêncio. Ofereci meu porto até que, por si só, ele também descubra a viração, a vibração da vida.

quarta-feira, abril 16, 2008

Espasmos # 7

Sim, a vida ainda vibra em mim... ela vibra na constância das minhas oscilações.
Vibra quando tudo arde, quando o sangue goteja, quando os corais se esquecem por segundos de seus habitantes naturais e vêm enfeitar meu corpo, despertando-me para o meu colorido: meu cabelo-alga, minha pele-escama, meus braços-nadadeiras... agora sou porto de mim.

sábado, abril 12, 2008

Espasmos # 6

A verborragia não se esgotara.
Num tom entre o descrente e o irônico, uma outra voz retrucava o mesmo refrão até o ponto de reproduzir ecos que me lembravam de que eu não poderia fugir ao meu destino.
Então, escolheu o melhor diamante – límpido e duro – tatuando sobre minha pele a pergunta tão preciosa:
“Mata-me a curiosidade, conta-me, a vida ainda vibra?”

terça-feira, abril 08, 2008

Espasmos # 5

E alguém sussurrou, ao longe, algo que me pareceu ser assim:

“Diante do Tempo, a vida
pode parecer uma irrelevância
(Talvez o seja mesmo).
O que fazer se o irrelevante
é tudo o que possuo?
Fechar uma porta,
Apagar a luz
Faz toda a diferença.
Não tenho a eternidade para saber...”

quinta-feira, abril 03, 2008

Espasmos # 4

A folha estava amarrotada num claro gesto de quem deitou fora uma idéia que não servia ou não conseguia desenvolver. Bem no centro do papel, em destaque, lia-se a palavra “memória”.
Queria lembrar-me de algo? Ou esquecer? Não importa, agora de posse da memória de outrem, escreveria sobre vidas que não me pertencem, mas que são parte de mim.

segunda-feira, março 31, 2008

Espasmos # 3

E quanto mais gritava ao vento, menos era ouvida. A voz era dissipada pela velocidade do ar... sentia-me órfã, abandonada, lançada ao redemoinho, ao pó... comigo, uma folha de papel era arremessada ao nada; esperei os movimentos, decorei sua rotação e no momento exato do rodopio, agarrei-a com as mãos.

sábado, março 08, 2008

Espasmos #2

- É que na maioria das vezes sou mesmo corredeira volumosa...
- Nunca escutas? Quantas vezes precisarei desembocar em ti para entenderes a violência dos sentimentos gerados pela força das minhas águas?
- Suplico ao vento que pare de soprar: estou exausta de tanta arrebentação.

Espasmos #1

Eu sempre me liquefaço em dias de chuva – nunca te disse? Pois é. Dissolvo-me. Diluo minha matéria bruta para aliviar meu peso, meus passos, pois sendo líquido posso vazar pelos poros transformando-me em corredeira ou simplesmente evaporar sem deixar vestígios.