V.,
Eu gostaria de ter metade dessa tua coragem, dessa tua ousadia e petulância de atravessar os salões repletos de gente de cera sem baixar os olhos, sem titubear, sem duvidar da minha postura.
Essa é a verdadeira elegância, V. Não existe passarela que ensine esse modo teu de encarar uma platéia faminta, sorrir docilmente e depois dar as costas como quem não tem nada a perder. Não é um desprezo nocivo, agressivo, é um desprezo de quem realmente não dá importância para títeres.
Não sei exatamente o que tens em mente, mas se a linha reta que traçares encontrar vestígios do Pessoa pelo caminho, transgrida, V! Transgrida da maneira elegante que só você sabe fazer. Há que ter elegância até quando se vai à guerra, minha querida.
É o que tento aprender com muito esforço, porque você sabe que não sou das delicadezas, eu gosto mesmo é de ventar e derrubar as paredes que me isolam. Deve ser meu modo de compensar anos de mutismo e anuência, anos em que fui a sombra da minha sombra, em que eu tinha medo de tudo, medo do escuro e da luz muito forte.
Lembras, V.? Eu era morna e “por não ser nem frio, nem quente, vomitavam em minha boca”.
Hoje sou apenas ridícula e gosto disso porque
"Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Eu gostaria de ter metade dessa tua coragem, dessa tua ousadia e petulância de atravessar os salões repletos de gente de cera sem baixar os olhos, sem titubear, sem duvidar da minha postura.
Essa é a verdadeira elegância, V. Não existe passarela que ensine esse modo teu de encarar uma platéia faminta, sorrir docilmente e depois dar as costas como quem não tem nada a perder. Não é um desprezo nocivo, agressivo, é um desprezo de quem realmente não dá importância para títeres.
Não sei exatamente o que tens em mente, mas se a linha reta que traçares encontrar vestígios do Pessoa pelo caminho, transgrida, V! Transgrida da maneira elegante que só você sabe fazer. Há que ter elegância até quando se vai à guerra, minha querida.
É o que tento aprender com muito esforço, porque você sabe que não sou das delicadezas, eu gosto mesmo é de ventar e derrubar as paredes que me isolam. Deve ser meu modo de compensar anos de mutismo e anuência, anos em que fui a sombra da minha sombra, em que eu tinha medo de tudo, medo do escuro e da luz muito forte.
Lembras, V.? Eu era morna e “por não ser nem frio, nem quente, vomitavam em minha boca”.
Hoje sou apenas ridícula e gosto disso porque
"Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,"
Não, minha querida, você é gente de outra sorte...
Continue dando-me as direções contidas no teu mapa.
Beijos,
A.
Não, minha querida, você é gente de outra sorte...
Continue dando-me as direções contidas no teu mapa.
Beijos,
A.