quarta-feira, maio 28, 2008

Descobri assim por acaso e me apaixonei.



Let it go - Fauxliage

I'll begin to let you go
When the sunlight melts the snow
Every night i drive away from you
I see the mountains i have to move

And you there
You don't care
I wonder if you

Wanted me like i wanted you
It's a lonely truth
That i can't change you
And you sure can't change me

It's hard to hell tonight to sleep
To close my eyes would admitting my defeat

And you there
You don't care
I wonder if

Wanted me like i wanted you
It's a lonely truth
That i can't change you
And you sure can't change me

Are you
Wanting me like i wanted you
It's a lonely truth
That i can't change you

And you there
You don't care
I wonder if

You wanted me like i wanted you
It's a lonely truth
That i can't change you
Wanted me like i wanted you

It's a lonely truth
That i can't change you
And you sure can't change me

(I)

“Não sei bem explicar o motivo, mas este é o processo: nos momentos de crise, meus movimentos são cíclicos. Primeiro me afasto de todos, busco o silêncio e a solidão. Sem isso sou incapaz de me ouvir. Depois me jogo nos livros. Não, não são aqueles que compõem a famosa lista os livros que preciso ler. São os mesmos de outrora. Releituras. É mais ou menos como visitar parentes, entende? Nunca é aleatório. Também não é leitura de entretenimento para burlar a angústia ou distrair os pensamentos. É sempre uma inquieta Clarice, um desassossegado Pessoa, um decadente Schoppenhauer. São palavras que habitam as profundezas. Simultaneamente escolho a trilha sonora. Enquanto leio, escuto Bach. É como voltar a um local especial e muito belo. Os afrescos da Sistina. Essa é a guerra. Enquanto desço aos meus porões, Bach trabalha secretamente rumo a uma ascese. Quem vence? Se ainda estou aqui, está claro que Bach tem se saído bem. Até agora ele foi sempre vencedor. Contudo, isso nunca me impediu, enquanto tateava o porão escuro, de colecionar cicatrizes. O que não é privilégio meu. As ostras estão aí para provar.”

terça-feira, maio 20, 2008

Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vida, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior. Sinto na minha pessoa uma força religiosa, uma espécie de oração, uma semelhança de clamor. Mas a reação contra mim desce-me da consciência.


PESSOA, Fernando. O livro do desassossego. Cia. das Letras, 2006.

terça-feira, maio 13, 2008

Homem pode, mulher não!

Citando Eco

Eu sou suspeita para falar de Umberto Eco.
Simplesmente adoro a maneira como escreve; sou apaixonada pelo seu trabalho como crítico; acho seus textos teóricos muito leves e sem aquela carga academicista; aprecio a sua "frouxidão", sua largueza italiana e principalmente, admiro sua capacidade de interpretar o mundo.
O Caderno Mais da Folha de São Paulo publicou a matéria intitulada "Professor Aloprado". Por ser extensa, compartilho com vocês as partes mais interessantes.


Admito que na vida existem felicidades que duram dez segundos ou meia hora, como quando nasceu meu primeiro filho - naquele instante, eu estava feliz. Mas são momentos muito breves. Alguém que é feliz a vida toda é um cretino. Por isso, antes de ser feliz, prefiro ser inquieto.

Algo de muito bonito que ocorre ao envelhecermos é que nos recordamos de uma multidão de coisas da infância que tinham sido esquecidas (...) Por isso, vou ao encontro de minha velhice com muito otimismo, porque, quanto mais envelheço, mais recordações tenho de minha infância.

Minha relação com os alunos sempre foi uma relação de aprendizagem, porque, ensinando, eu também aprendia (...) Uma relação erótica, porque a relação de um professor com um aluno é como a relação de um ator com seu público: quando você aparece em cena, é como se o estivesse fazendo pela primeira vez, e você tem a sensação de que, se não tiver conquistado o público nos primeiros cinco minutos, o terá perdido. É isso o que eu chamo de uma relação erótica, no sentido platônico do termo. Além disso, há uma relação canibal: você come as carnes jovens deles, e eles comem sua experiência. Há pessoas infelizes que passam os primeiros anos de sua vida com pessoas mais jovens, para poder dominá-las, e, quando envelhecem, estão com pessoas mais velhas. Comigo aconteceu o contrário: quando eu era jovem, estava com pessoas mais velhas que eu, para aprender, e agora, tendo alunos, estou com jovens, o que é uma maneira de manter-se jovem. É uma relação de canibalismo; comemos um ao outro. Por isso não deixei de ter relação com a universidade, apesar de ter me aposentado.

Cinqüenta por cento dos italianos votam em Silvio Berlusconi, o que é indicativo de uma profunda imaturidade política. É um momento extremamente triste, em que os elementos de esperança e entusiasmo são muito poucos.

Estamos em velocidade tão grande que não existe nenhuma bibliografia científica americana que cite livros de mais de cinco anos atrás. O que foi escrito antes já não conta, e isso é uma perda também quanto à relação com o passado.

Essa velocidade vai provocar a perda de memória. E isso já acontece com as gerações jovens, que já não recordam nem quem foram Franco ou Mussolini! A abundância de informações sobre o presente não lhe permite refletir sobre o passado. Quando eu era criança, chegavam à livraria talvez três livros novos por mês; hoje chegam mil. E você já não sabe que livro importante foi publicado há seis meses. Isso também é uma perda de memória. A abundância de informações sobre o presente é uma perda, e não um ganho.

Esse é um de nossos problemas contemporâneos. A abundância de informação irrelevante, a dificuldade em selecioná-la e a perda de memória do passado -e não digo nem sequer da memória histórica. A memória é nossa identidade, nossa alma. Se você perde a memória hoje, já não existe alma; você é um animal. Se você bate a cabeça em algum lugar e perde a memória, converte-se num vegetal. Se a memória é a alma, diminuir muito a memória é diminuir muito a alma.Vamos à internet para tomar conhecimento das notícias mais importantes. A informação dos jornais será cada vez mais irrelevante, mais diversão que informação. Já não nos dizem o que decidiu o governo francês, mas nos dão quatro páginas de fofocas sobre Carla Bruni e Sarkozy. Os jornais se parecem cada vez mais com as revistas que havia para ler na barbearia ou na sala de espera do dentista.

Hoje, emergem muitas posições anticlericais, e muitas pessoas se declaram atéias. Ninguém estava pensando nisso antes. Subiu ao trono um papa que pensa como um papa do século 19.

sexta-feira, maio 09, 2008

Literatura

Oficina literária no Ar

As aulas do romancista Raimundo Carrero, agora transmitidas também pelas ondas do rádio, são um incentivo à paixão pela literatura.

Por Rafael Dias

Dez para as três da tarde. Toca o celular, interrompendo a entrevista. Com voz grave e tom rouco onipresente, Raimundo Carrero atende à chamada: do outro lado da linha, alguém deseja confirmar um compromisso importante para logo mais, dali a pouco mais de uma hora. Alarme falso. Impaciente, o autor de Somos pedras que se consomem não esconde o frio na barriga como um novato prestes a sucumbir à ameaça do futuro desconhecido. Cruza as pernas, sacode o pé esquerdo, pede um cafezinho, “faz tempo que não tomo café”, solta ele. Outras vezes, tem aparência serena, um olhar firme que dá a impressão de perscrutar o interlocutor. Mal termina a ligação, o aparelho toca de novo. Agora, sim, a produção da rádio JC/CBN Recife informa que, dentro de instantes, ele entrará ao vivo para apresentar o quadro Momento literário, do programa CBN Total.

O esquete de apenas 10 minutos, veiculado de segunda a sexta-feira, sempre ao vivo, no “nobre” horário vespertino de uma FM (90,3 MHz), é o ponto de encontro religioso de um contingente de público que deseja ouvir as dicas preciosas de um romancista consagrado, como um grupo de discípulos reunidos numa ágora, diante do sábio grego. Estudantes, donas-de-casa, advogados, médicos, políticos, intelectuais, funcionários em sua sagrada hora de sesta, literatos ou não, todos estão ao alcance dos ensinamentos de Carrero. Basta um radinho de pilha em mãos ou sintonizar a freqüência no som do carro e a vontade, ainda que furtiva, de aprender a escrever bem. Literatura, quem diria, tornou-se artigo pop. Não só isso, discutir o fazer literário deixou de ser um tabu. Do terreno sacrossanto, desce das nuvens até nós, mortais. A iniciativa foi do jornalista e apresentador Aldo Vilela, que convidou o romancista, em fevereiro do ano passado, para que reproduzisse a sua famosa oficina literária na rádio. Hoje a atração é fenômeno de audiência, dando oportunidade de desvendar os meandros da escrita na companhia do escritor – agora também pela internet, pelo link do JC/CBN, no site do JC Online.


Leia a matéria na íntegra, na edição nº 89 da Revista Continente Multicultural. Já nas bancas

terça-feira, maio 06, 2008

Espasmos # 9

As bóias indicadoras de segurança parecem-me distantes demais, ainda assim eu busco alcançá-las. Quero saber como é o mar além dos limites do permitido, do aconselhável. Que segredos guardam suas profundezas?
Não tenho medo de ser devorada por nenhum leviatã. O que eu temo é ser lentamente consumida pelos vermes da agonia e do tédio.
O tombadilho agora clama por mim.
Fim da série Espasmos.
B side

sábado, maio 03, 2008

Recadinho da doutora

P.S.

Publicação

Amigos,
A Editora Komedi publicou um conto meu na revista eletrônica "Literatura".
Quem quiser conferir, é só clicar no link abaixo: