quinta-feira, outubro 20, 2005

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V.,

O que eu poderia esperar de você a não ser o melhor? Seu amor, paciência, generosidade... obrigada por não me julgar, minha querida, porque eu já faço bem o papel da juíza, minhas sentenças são severas demais, mas acredite, eu já posso soprar minhas feridas sem lambê-las.

Quando você me falou sobre as portas de seu castelo, lembrei-me imediatamente de sua mãe. Certa vez ela nos preparou um chá delicioso, muitos biscoitos e geléias. Você ficou calada a maior parte do tempo, olhos baixos e úmidos e quando finalmente resolveu falar foi pra pedir-lhe que me contasse a história tantas vezes repetidas a você quando criança.

Este foi o dia em que fiquei sabendo que seu pai tinha sido promovido e iria ocupar um cargo na França. Lembra V.? Tudo ainda está tão nítido na minha memória!

“Era uma vez uma ave muito rara, de plumagem exuberante. Todos os dias ela ia ao jardim da casa de Annie.
A menina observava-o da janela e já ensaiava uma aproximação. A cada dia, ela chegava mais e mais perto do bichinho até que teve uma idéia: foi à cozinha, esfarelou a casca do pão na palma de sua mão.
O pássaro vinha rápido, bicava os farelos e depois voava. Isso repetiu-se por semanas até que adquirida a confiança, ele pousou nas mãos de Annie para se alimentar sem pressa ou receios.
Ele voltava todos os dias e ambos deleitavam-se de prazer.
Um dia, a menina resolveu prolongar o encontro e assim que o pássaro pousou, ela fechou as mãos, prendendo-o e acariciando a sua plumagem.
Apesar de não ter se machucado, o pássaro ficou muito assustado e assim que Annie abriu as mãos, ele voou alto, muito alto.
No dia seguinte, ela foi esperá-lo no jardim, como sempre fazia, mas o pássaro nunca mais voltou.”

É isso o amor, não é V.? Um pássaro livre que ficará para sempre em nossas vidas se soubermos respeitar suas asas.

Todo esse tempo em que silenciei, V., foi para tomar coragem de abrir minhas mãos e libertar o pássaro que havia nelas. Resumindo: minha love story chegou ao fim. Tudo ainda é muito novo e dói terrivelmente, minha querida, ao mesmo tempo, nunca houve tanta serenidade nos meus movimentos.

Preciso te contar algo extraordinário, V! ando compulsiva com o lápis, tenho escrito qualquer coisa em qualquer pedaço de papel. Não existe muito nexo no que escrevo, mas tem sido uma descoberta deliciosamente egoísta.
Eis um mundo ao qual só a mim pertence!

Estive pensando em ir ao seu encontro.
Há quantos anos não nos vemos, V.? Seis, talvez sete? Meu Deus, minha Teresa fará quatro anos e é um absurdo que vocês não se conheçam!
Veja a sua agenda e me diga se posso chegar em Paris junto com a primavera.

Saudades,

A.

terça-feira, outubro 04, 2005

De Vitória de Santo Antão para o mundo

Dando uma barata de sebo, que não se conforma com as injustiças literárias, finalmente encontrei algo interessante, que vale a pena a visita.

Para quem, como eu, é apaixonada por ele, corra e delicie-se.

;))