segunda-feira, junho 19, 2006

Das muitas mortes

Morremos quando tudo dói, quando o simples fato de respirar iguala-se a milhões de alfinetadas na alma, quando - apesar da vontade incontrolável de chorar - não existem mais lágrimas. Tudo está seco: o coração, os olhos, a boca.
Morremos quando o sangue congela nas veias e ainda assim a vida insiste em ficar.

quarta-feira, junho 14, 2006

Do silêncio

O azul de seus olhos esconde o mar revolto em seu peito. Eu não me engano com a transparência dessas águas, elas poderiam engolfar o mais remoto dos pensamentos.
O suposto equilíbrio repousa no fio da navalha, uma escorregadela e o diapasão produzirá sons eternamente distorcidos.
Desvio meus olhos daquela imensidão azul e repouso meu ouvido no seu peito – rochedo que ampara as investidas das ondas.
No momento, tudo o que posso fazer é ouvir o líquido dissolvendo o concreto.