segunda-feira, setembro 13, 2004

HIATO

Beija-se menos do que pedem as bocas.
Mas as bocas não pedem quando explodem em injúrias.
Abraça-se menos do que os ombros suportam.
E os ombros são capazes de suportar o peso do mundo.
De que falam as bocas?
- Do indizível.
Que peso pende dos ombros?
- O dos gestos impalpáveis.
Mas o indizível não é o vazio
Nem o gesto impalpável a tradução da ausência.
A boca e os braços atravessam o silêncio da noite.

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida Lu: gosto da sua expressividade sensível, como só é possível quando se tem uma alma feminina. "A boca e os braços atravessam o silêncio da noite". Assim como você, sou amigo das horas silentes. Para você um verso de poesia de outra potiguar, que, infelizmente, já partiu para as estrelas, Zila Mamede:
"A paz dos bois dormindo era tamanha
que se ouvia o nascer das açucenas..."
É uma alegria visitar o seu blog.
Abraço do
José de Castro.
PS: vi que você me referenciou como link. Vou fazer o mesmo com o seu blog.

Lu disse...

Castro, meu querido, para que eu fale é preciso que me alimente do silêncio e das sombras... por esses dias tenho um punhal na garganta. Ao menor movimento, ele me vaza.
Obrigada pela sua presença tão querida e obrigada também por enfeitar o blog com os versos da sua amiga estrela. Beijão.