quarta-feira, novembro 03, 2004

Distraída, toco as estrelas que povoam nosso quarto e de repente sou luz vazando teus olhos.

Fluida, líquida, eu me derramo em ti feito enchente, preenchendo todos os seus espaços.

Pleno, você ofega ardências sutis, depois desfila suas mãos convulsas, numa procura febril pelo meu nascedouro, de onde jorro minha seiva vital.

Extenuado pela busca, afrouxa os dedos ágeis e deixa-se cair, ainda ignorante da minha gênese.
Tenta, em vão, balbuciar a pergunta-enigma; selo meus lábios nos seus e o mistério perpetua-se.
A Lua, de Hugo Neto

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