terça-feira, novembro 30, 2004

Todos os dias preparava a mesa com requinte e esmero. Cuidava da louça fina, da prataria. Escolhia com apuro a toalha de linho, o vinho, os cristais. Vestia-se impecavelmente, sem excessos. Esperava invariavelmente o relógio anunciar a hora do jantar. Sentava-se à mesa fingindo alegria. Servia a refeição, distribuindo sorrisos e mesuras.
Até que numa certa noite, cansou de tanta rotina, de tanto tédio, da elegância fria e incolor dos gestos, da conversa superficial e desinteressante. Levantou-se sem pedir licença, saiu e perdeu-se na neblina, confundindo-se à multidão inquieta e agitada.

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