
Abraços a todos e Boas Festas!
arte, literatura & cia
Antes era o sorriso, agora, descobriu-se que dentro das pupilas de Mona Lisa está o segredo que revela a modelo que posou para Da Vinci. Bem, essa é a mais recente descoberta do investigador (in-ves-ti-ga-dor?) italiano, Silvano Vinceti.
Isso é ótima matéria para livro de ficção, o novo filme baseado na mente engenhosa do Dan Brown, uma aventura de jogos interativos, quem sabe...
Por que a Mona Lisa não pode simplesmente ser Mona Lisa? Acho que isto responde tão melhor aos anseios do pintor da tela.
Claro que toda obra de arte propõe uma leitura hegemônica que a situe no tempo e no espaço, além de comunicar sua gênese e seu “dever ser” no mundo mas, e as outras leituras, que são a grande delícia de um artista? Aquelas leituras subliminares, oníricas, típicas da fruição, do deleite artístico?
O discurso da pós-modernidade necessita de uma explicação para tudo, por que tudo tem que obedecer a uma lógica racional. Os parnasianos estão de volta e ninguém se deu conta. O fragmentário pós-moderno não respeita a ideia da pluralidade e da diversidade de vozes, no que tem de mais belo e forte e que Bakhtin chamou de polifonia. Relativizar demais nos leva a descaminhos, uma vez que tudo pode ser nada e nada pode ser tudo. Eu, aqui no meu cantinho, penso que a Arte demanda outro tipo de racionalidade. Mais importante do que saber quais as letras ocultas nas pupilas da Mona Lisa é saber o que as pupilas da Mona Lisa comunicam.
Diz o “investigador”:
Leonardo gostava de utilizar símbolos e códigos para transmitir mensagens, e queria que descobríssemos a identidade da modelo através de seus olhos”.
Será que ele realmente queria isso? Se Da Vinci quisesse que descobríssemos algo, ele teria deixado tudo muito claro – uma cartografia da imagem, talvez.
Da Vinci usou sua arte para instigar nossa imaginação, nossa capacidade de imergir nos terrenos movediços da criação, nossa curiosidade. Mas nossa sociedade tipicamente Big Brother exacerbou o significado de curiosidade.
Quem faz uso de códigos, palimpsestos, anagramas, palíndromos e toda sorte de leitura transversal me parece ser afeito aos mistérios, aos meandros do submerso.
Todo código quer comunicar algo que não pode ser dito claramente, ele demanda iniciação... talvez o código queira só ser código.
Eu assisti a um vídeo (Sempre um Papo) do João Moreira Salles explicando o motivo de a revista se chamar Piauí... reproduzo aqui a fala dele, que achei por si só muito bonita e poética, até porque quem me conhece sabe que sou apaixonada pelas palavras, sua etimologia, a metalinguagem, sua origem criativa, as construções possíveis de seus significados, sua vida secreta.
Por outro lado, é no mínimo curioso referenciar o Gilberto Freyre, o criador do controverso conceito da “democracia racial”, para a explicação plástica de palavras em que as vogais abundam.
Eu me delicio com esse caos palavroso e o quanto de ideologia ainda se embute nos conceitos e referências que buscamos e usamos.
Não vai aqui nenhuma crítica ou reprovação. Apenas uma constatação de que a palavra expressa mais do que significados semânticos; a palavra expressa uma postura de vida. A palavra nos revela.
A revista se chama Piauí por uma razão que pode parecer trivial e banal, mas pra mim é a que acabou prevalecendo. É uma palavra cheia de vogal e eu gosto das palavras que têm vogais.
Eu li há algum tempo no Gilberto Freire uma coisa que ele dizia a respeito das línguas com vogais. Ele dizia que os países ensolarados, os países quentes, os países tropicais geralmente têm idiomas onde prevalecem as vogais. E que os países frios, os países nórdicos falam com muita consoante.
A vogal é macia, é doce e a consoante é aguda, ela fere. Consoante é bom pra dar ordem e vogal, de certa maneira, é bom pra descansar. E é mais simpática uma palavra solar, digamos assim, do que uma palavra gelada. E Piauí tem essa característica de ser uma palavra cheia de vogal.
* Etimologicamente, Piauí é uma palavra de origem tupi-guarani, onde o "í" significa rio e "
Não tenho partido, mas sempre fui uma pessoa de esquerda, mesmo quando eu não sabia que existia um conceito de esquerda.
Até o uso desse linguajar diz algo sobre mim... não me furto ao riso ao relembrar do saudoso Bobbio, que já no seu Destra e Sinistra: Ragioni e significati di una distinzione politica discorria sobre a atualidade desses conceitos. Ele começa o livro perguntando: "direita e esquerda ainda existem? E, se existem ainda, como se pode dizer que perderam completamente o significado?".
Como Bobbio, eu acredito que os conceitos de Direita e Esquerda, surgidos durante a Revolução Francesa, ainda são muito significativos, principalmente se analisados à luz da questão da liberdade e igualdade entre os homens.
Desde a morte de ACM, observa-se mudanças sutis no comportamento político dos cidadãos brasileitos e nesta última eleição ficou claro para mim que a fome por mudanças está latente em nossa sociedade.
Quem ousaria pensar num cenário político sem Marco Maciel, Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Geddel Viana?
E os joguinhos insanos e megalomaníacos de Roriz, que todo dia forja uma maneira de ludibriar a lei? Mas nesse sentido, "tudo bem", a lei abre milhares de precedentes para que o fim seja prolongado tal qual aquelas telenovelas que ja perderam o sentido, mas para manter o ibope, vão destruindo as personagens até que não sobre nada.
Quando, contudo, a Ética e a Moral são atacadas cotidianamente com subterfúgios e estratagemas nefastos, quando tripudiam na cara de uma Suprema Corte negligente e conivente, subjugando a capacidade de pensar da sociedade civil... as respostas surgem.
Há um bom tempo que não tenho ilusões no que se refere a siglas e partidos. O jogo político é muito mais difícil de entender quando ele sai das páginas dos livros e ganha o terreno da disputa. As pessoas são corruptíveis independentemente de partidos. As banderias da paz e da democracia já serviram tanto a algozes quanto a regimes totalitários.
Mas o que mais me impressiona mesmo é ver o peso que uma ideia traz consigo. O PT evoca um conceito falacioso, ignorante e totalmente fundamentalista do que é esquerda, do que é comunismo, socialismo ou qualquer palavra que se encaixe nesse jogo semântico.
Eu fico aterrorizada de ver os jovens repetindo o mantra: eu voto em qualquer um, menos no PT.
E isso inunda os discuros de uma fé cega, o tipo de obscurantismo pelo qual eu sempre lutei contra... Sexta-feira passada, antes das eleições, eu li uma matéria no Yahoo sobre o pleito de domingo e logo abaixo fui ver os comentários e tinha um que dizia assim: "esses petistas burros, pobres e nordestinos"... Nunca vi tanto preconceitos e desinformação reunidos numa simples frase (só faltou o "preto")... eu custo a acreditar que estou no século XXI, que existe robótica, engenharia genética, informações jorrando de infinitas mídias.
Ontem, antes de dormir, vi no noticiário que os eleitores de São Paulo, se tivessem a opção de votar no Maluf nestas eleições, fariam dele o segundo candidato mais votado. Maluf ganhando de Gabriel Chalita, isso, sim, é que deveria causar estranhamento, mas parece que fui eu quem ficou anacrônica...
Não estou fazendo apologia a um partido ou a um candidato. Vote no candidato que quiser, inclusive nos Enéias e Tiriricas, mas que o voto tenha bases razoáveis e nao em assombrações que nem exorcismos conseguem curar.
Rapaz, político é um bicho nojento.
Estava eu aqui, revisando um texto quando escuto: "ele cuidou dos pobres, lutou pelos trabalhadores", blá blá blá.
Daí pensei: O Lula pirou? Vai para o terceiro mandato?
Caraaaaaaca, a propaganda política era do José Serra!!!!!
Seria trágido se não fosse risível... tsc tsc tsc.
Se o festival de hipocrisia continuasse assim: "ele curou os doentes, saciou os famintos, ressuscitou os mortos"... eu pensaria, sem qualquer sombra de dúvida: Jesus Cristo?? É o Juízo Final!
Mas voltei à sanidade. Além de heresia, seria uma puta sacanagem com JC. Ele não se juntaria à corja.
Não gosto de futebol, não sou entendedora. Troco qualquer jogo de qualquer campeonato por uma tarde com os amigos ou um cineminha ou por uma leitura prazerosa, em casa.
Mas na Copa, as coisas mudam. Essa construção social é avassaladora, trabalha com o inconsciente coletivo com muita mestria.
O fato de não ser uma torcedora dedicada não me torna uma analfabeta no esporte. Conheço os jogadores, consigo acompanhar os lances e, por incrível que pareça, já sei até identificar quando ocorre um impedimento.
Agora me expliquem por que as mulheres ainda se submetem a participar de reportagens em que a única coisa que se sobressai é a futilidade? Enquanto todos prestam atenção no jogo, elas – muito bonitas e maquiadas – fofocam feito lavadeiras (perdoem-me as lavadeiras, não é preconceito, apenas não encontrei comparação mais senso comum do que essa).
Quando perguntam se conhecem algum jogador, todas em uníssono respondem: Kaká e Júlio César! (Aimeupaieterno!!!).
O cara da mesa ao lado diz que elas são mais barulhentas do que as vuvuzelas e as babac..., digo, beldades morrem de rir com o “elogio” proferido pelo rapaz.
Jesus, tenha piedade. Vou ali me matar e já volto.