segunda-feira, dezembro 06, 2010

See you in Paris

Rendez-vous à Paris

Verão. O calor faz o termômetro subir (e antes fosse apenas o termômetro). Esse instrumento impreciso nada entende do fogo que incendeia o horto do meu coração, das labaredas que lambem o lado de dentro da minha pele e fazem meus líquidos espumarem.
É febre o que consome meus longos dias até que o verão chegue e com ele, finalmente... Paris.
Enquanto ardo, vou tecendo, resiliente, os fios inquietos da espera e já é possível vislumbrar águas-vivas ondulando na superfície da água; orquídeas que, de tão bonitas, beiram a obscenidade; margaridas singelas espalhando rumores de felicidade.
Já é madrugada, não consigo dormir. É profunda a vida em mim e, assim sendo, anseio que o sangue corra fluido pelas veias do meu corpo.
Eu conto o tempo por meio das palavras, contudo, antes de escrever sobre a espera de um certo verão, eu me perfumo toda e me preparo para ti, no limbo entre o sono e a vigília.
O que escrevo evoca memórias ígneas. Línguas de fogo voltam a arder e eu tenho novamente os olhos em brasa.

Nenhum comentário: