quinta-feira, julho 13, 2006

Vitrine (1)

Veio lá de Portugal essa linda contribuição.
Obrigada, Agripina!


Love transcends. Christopher Lovely. 2006.


Meu amor, guardo-te ainda em mim, com a doce memória de quem te deseja em segredo. Queria-te mas não sei como, não sei onde. Preciso-te assim ausente, desaparecido de mim. Despido, nu e cru. Faz-me só amor. Até sempre.
– Faz-me só amor, peço-te. Percorre-me o corpo, adoça-mo. Quero ter-te em mim, sentir-te quente nos meus braços, sentir-te amargo. Percorre-me de ti, apossa-te de mim, do que me resta assim já morta. Toca-me com um dedo, germina-me. Fecha-me os olhos com saliva, prende-me a boca com mar, ata-me os braços de terra e enleia-te nas minhas pernas, transeuntes cansados. Cospe-me a alma, rasga-me o corpo, descobre-me os segredos e desata-me as lágrimas. Cobre-me de cor e diz-me baixinho: até sempre meu amor, até sempre. Olha-me a cantar, degola-me a sorrir. Gasta-me o corpo, mata-mo até ao fim.
– Meu amor, até sempre meu amor. Até sempre…

3 comentários:

Edilson Pantoja disse...

Intensidade. A eternidade condensada num particular. Parabéns, querida!

Lu disse...

Bom vê-lo por aqui novamente, Edilson.
Sim, é lindo, de uma intensidade cortante e o mérito é todo da Agripina. Beijos.

dade amorim disse...

Um texto muito forte, Lu. Beijo pra você.