sexta-feira, outubro 15, 2004

Escrevo desde coisas mínimas, meus afazeres diários, receitas culinárias até as palavras mais pretensiosas. Vou escrevendo... faço isso para não me perder, para existir, para não esquecer as delicadas coisas cotidianas.
Dia desses, fui acordada cedo pelo odor de sabonete pela casa.
Era o restinho da fragrância noturna das damas-da-noite que ainda recendia. O aroma destas flores lembra minha infância, as brincadeiras na rua, o jogo da amarelinha, roupas limpas cheirando a sabão em pó.
Os aromas são sinais gráficos que enfatizam a vida.
Hoje, noite escura e de denso nevoeiro, acendo a lareira.
O crepitar das chamas instiga-me a escrever, então, sob a luz do fogo pálido, guardo, em palavras, os barulhos e os sons.
Orff soa-me como fuga, desespero, ansiedade; Lizst tem som de alvorada – um eterno despertar; Offenbach é pura esperança. Beethoven tem ares de contemplação; Mozart é dança frenética acompanhada de gargalhadas sonorosas. Estou sempre sorrindo quando escuto Mozart.
Desligado o som da memória, passo a ouvir os grilos que cantam... cantam cantigas para ninar a noite.
Músicas são palavras mudas dialogando diretamente com nossas lembranças.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Lu: O que dizer de Vivaldi? Teve uma época em que eu só queria escutar o som desse clássico. Agora, fugindo um pouco dos clássicos, gosto de viajar no som das flautas andinas, das quenas e das zampoñas. Parecem lamentos que nos trazem lembranças antigas, ancestrais... Esses instrumentos aprimoram a cor do som dos ventos. Para você, um som de flautas andinas... Beijos de vento...

Lu disse...

Caríssimo, poderíamos passar uma vida falando das sensações causadas pela música e ainda seria pouco... procurarei pelo sons da flauta e dos ventos :)

l. disse...

Ah... Agora sim. Sempre dava umas voltas aqui mas esse seu template ficava todo escangalhado no meu Mac. Bom, só passei pra dar um alô e ler algumas coisas. besos, l.

Lu disse...

Lúcio querido, coisa boa te ter por aqui. Fica à vontade, sim? Beijão.