quarta-feira, janeiro 19, 2005

Minha Lia, minha companheira de ofício, minha irmã de alma, não esqueci do teu aniversário.
Eu poderia escrever muitas coisas, mas jamais seria precisa como ela.
Aproveitei e trouxe novas flores para o teu jardim ;)

QUERO ESCREVER O BORRÃO VERMELHO DE SANGUE

Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.

Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.

Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.

Nenhum comentário: