Um punhal atravessa minha garganta.
Uma sufocação toma-me de assalto, a vista escurece e é como morrer.
Tento falar, não consigo.
Tenho a boca repleta de cacos de vidro.
Sinto ânsia, náusea...vomito.
Vomito flores de cristal.
São bonitas, não resta dúvida, mas não têm alma, não têm cor, não perfumam.
A fragilidade dessas flores é bruta: não suporta a dor nem o grito, ainda que abafado e rouco.
Espatifam-se em vão. São incapazes de brotar.
Quero de volta as pétalas, mesmo que elas feneçam.
Trocaria, sem hesitação, o punhal que me cala pelos espinhos. Mesmo ferindo o verbo, eles resistem à vida.
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6 comentários:
Ai, Lu. Deu agora prá ler meus sentimentos, é? Bruxa, bruxa, mil vezes bruxa! Hoje não ganha beijo, sua danada. Nem me dobro para reverenciar teu poema: tenho - como ele - a dureza do vidro: se dobrar, me estilhaço. Lia
Lia, minha tão querida irmã de vida, só a sincronicidade pode explicar tanta identificação! Beijo.
O punhal pode ferir o verbo, mas não consegue calar a palavra. Mesmo apunhalada, continue escrevendo que nós gostamos.
Marcos
www.esculachoesimpatia.zip.net
Marcos, calar dói mais do que engolir facas.
Ainda vou perturbar vocês um bocado :o)
Faca de ponta, faca amolada: afiado esse seu texto.
Jayme, lembrei da música "vai ter, vai ter que ser faca amolada".
É, por esses dias ando cuspindo fogo...rs. Beijo.
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