Querida V.,
Escuta-me com atenção. Não a mim, exatamente, mas às vozes vociferantes no meu corpo. Elas são tão ladinas que aprenderam a murmurar, V! Como numa sinfonia de orquestração perfeita: todas falam ao mesmo tempo sem confusão; existe harmonia porque eu consigo diferenciá-las. Sei reconhecê-las.
Meu corpo, essa praça pública, vibra e desfalece de acordo com a entonação do coro.
V., diga-me que não estou enlouquecendo, por favor! Se você estivesse aqui, provavelmente também ouviria.
Já sei o momento em que elas fazem festa; é o mesmo momento em que silencio, em que emudeço para o mundo e suas cores.
Cinema mudo, V., é o que eu tenho sido. Não emito sons, estou monocromática. O único exercício que tenho feito é o de decifrar lábios, imaginar as palavras, investigar sorrisos.
V., será que em algum lugar do mundo alguém silencia enquanto assiste ao meu filme?
Escuta-me com atenção. Não a mim, exatamente, mas às vozes vociferantes no meu corpo. Elas são tão ladinas que aprenderam a murmurar, V! Como numa sinfonia de orquestração perfeita: todas falam ao mesmo tempo sem confusão; existe harmonia porque eu consigo diferenciá-las. Sei reconhecê-las.
Meu corpo, essa praça pública, vibra e desfalece de acordo com a entonação do coro.
V., diga-me que não estou enlouquecendo, por favor! Se você estivesse aqui, provavelmente também ouviria.
Já sei o momento em que elas fazem festa; é o mesmo momento em que silencio, em que emudeço para o mundo e suas cores.
Cinema mudo, V., é o que eu tenho sido. Não emito sons, estou monocromática. O único exercício que tenho feito é o de decifrar lábios, imaginar as palavras, investigar sorrisos.
V., será que em algum lugar do mundo alguém silencia enquanto assiste ao meu filme?
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