Sentiu a respiração pesada e alguma asfixia.
O que a incomodava era aquele cheiro de coisa nova, o quarto friamente arrumado, lençóis sem rugas, móveis nus, objetos intactos.
Mesmo sem muito ânimo, fazia a faxina às avessas: puxava os lençóis sem cuidado; jogava a bolsa, pastas, papéis sobre os móveis; ligava a TV; pendurava roupas no encosto da cadeira.
Aquela desordem forçada lhe trazia paz e conferia alguma identidade ao recinto frio e impessoal. Somente esta ilusão de transformar o desconhecido em um lugar familiar lhe devolveria o sono.
Hotel Room, Hopper.
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