Do ideal e da Glória
Que busca o escritor? O verdadeiro escritor, isto é: o que faz da palavra escrita sua razão de viver. Pois, como tudo, e do mesmo modo que existe, por exemplo, o mau sacerdote, também o escritor, tem os seus macacos. Os que imitam os gestos do escritor, publicando livros, discutindo sobre Joyce, dando entrevistas, e não são escritores. Estes buscam tão-somente o nome nos jornais, mais tarde as sinecuras, os postos bem pagos, as condecorações, tal ou qual prestígio social e, naturalmente, a Academia. Tais personagens não contam e não importa o que buscam: são segregados pelo mesmo chão que produz todas as outras espécies de embusteiros.
Que busca o escritor? O verdadeiro escritor, isto é: o que faz da palavra escrita sua razão de viver. Pois, como tudo, e do mesmo modo que existe, por exemplo, o mau sacerdote, também o escritor, tem os seus macacos. Os que imitam os gestos do escritor, publicando livros, discutindo sobre Joyce, dando entrevistas, e não são escritores. Estes buscam tão-somente o nome nos jornais, mais tarde as sinecuras, os postos bem pagos, as condecorações, tal ou qual prestígio social e, naturalmente, a Academia. Tais personagens não contam e não importa o que buscam: são segregados pelo mesmo chão que produz todas as outras espécies de embusteiros.
O que o escritor deseja é realizar e entregar, aos seus semelhantes, principalmente aos que falam a sua língua, obras às quais hajam consagrado o melhor de si mesmos. Trabalhar submisso a restrições, sob encomenda, é necessário em outros ofícios. No seu, a encomenda e a restrição correspondem exatamente à morte do ofício. A liberdade é seu clima.
A liberdade? De que natureza? Todas. A começar pela liberdade interior. Isto é, pelo arrefecimento, em seu íntimo, de ambições alheias à literatura e que possam desviá-lo, perdê-lo.
Essa liberdade, que, com maior ou menor esforço, pode ser alcançada em condições adversas, não basta. Uma série de fatores outros é exigida para que o ato de escrever, o ofício de escrever alcance a plenitude.
(Osman Lins. Do ideal e da glória - problemas inculturais brasileiros)